Modos e características do Profeta (s)

  • Intelecto destacável:

    O Mensageiro (s) tinha um intelecto excelente, completo e destacável. Nenhum homem teve um intelecto tão completo e perfeito como ele.
    Qadhi Iyaadh que Deus tenha piedade dele, disse:
    ‘Isto se faz evidente quando o pesquisador lê a biografia do Profeta e entende sua situação, suas significativas e compreensivas palavras, suas tradições, seus bons modos, sua ética e sua moral; seu conhecimento da Tora, do Evangelho, das Divinas Escrituras; seu conhecimento das palavras dos sábios e dos povos antepassados, sua capacidade de mostrar exemplos e de implementar políticas e comportamentos corretos. Foi um exemplo e um paradigma que sua gente procurava em todos os ramos do conhecimento; atos de adoração, medicina, leis de sucessão, linhagem e outros temas.

    Conhecia e aprendia tudo sem ler nem examinar as Escrituras daqueles que nos antecederam; também não se sentava com especialistas. O Profeta não teve uma educação formal, e ainda assim, sabia todo o conhecimento passado; foi designado como Profeta, sem saber ler nem escrever. O Profeta (s) era sábio no máximo de sua capacidade. Deus, o Altíssimo, informou-lhe do que havia acontecido, (no passado) e do que aconteceria no futuro. É um sinal de que o Domínio pertence a Deus, e de que ele é capaz de tudo.' ( Qadhi Eiyadh, ‘Al-Shifa bita’rifi Hoquqil-Mostafa’)

  • Fazer coisas em Nome de Deus:

    O Profeta (s) sempre realizava ações através das quais buscava agradar a Deus. Foi atacado e perseguido quando convidava o povo para o Islã; ainda assim teve paciência e tolerou, e sempre teve esperanças na recompensa de Deus. Abd Allah bin Massud, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘É como se estivesse olhando o Profeta (s), falando sobre um Profeta que foi magoado pelo seu povo. Limpou o sangue do rosto e disse: ‘Oh Deus! Perdoa meu povo, pois não sabe o que faz!’ (Bukhari #3290)

    Jundub bin Sufyaan, que Deus esteja comprazido com ele, disse que o Mensageiro (s) tinha um dedo sangrando durante uma das batalhas, e disse: ‘Não és mais do que um dedo que sangra; que sofre no caminho de Deus’. (Bukhari, 2648).

  • Sinceridade:

    O Profeta (s) era sincero e honesto em todos os aspectos, tal como lhe havia ordenado Deus. O Altíssimo disse no Alcorão:Diga-lhes: Por certo, que minha oração, minha oblação, minha vida e minha morte pertencem a Deus, Senhor do Universo, Quem não tem coparticipantes. Isto é o que me ordenaram crer, e sou o primeiro, desta nação, a submeter-se a Deus. (6:162-163)

  • Boa moral, ética e companheirismo:

    A’ishah, sua esposa, ao ser questionada sobre o comportamento do Profeta disse:
    ‘Seus modos eram o Alcorão.’

    Isto significa que o Profeta (s) se regia pelas leis e mandamentos corânicos e se abstinha do que o Alcorão proibia. Cumpria com todos os seus atos virtuosos. O Profeta (s) disse: ‘Deus me enviou para aperfeiçoar os bons costumes’. (Muslim).

    Deus, o Altíssimo, descreveu o Profeta (s) da seguinte maneira: Certamente és de uma natureza e moral grandiosas. (68:4)

    Anas bin Mâlik, que Deus esteja comprazido com ele, foi o serviçal do Profeta (s) durante dez anos, dia após dia, durante suas viagens e também quando residia em Medina. Durante esse tempo, conheceu os modos do Profeta. A esse respeito, disse: ‘O Profeta (s) não insultava ninguém, também não era grosseiro nem maldizia. Quando acusava alguém, dizia: ‘Que lhe sucede! Que seu rosto se encha de pó.’ (Bukhari #5684)

  • Amabilidade e bons modos:

    Sahl bin Sa’d, que Deus esteja comprazido com ele, narrou: “Trouxeram-lhe algo para o Profeta (s) beber e ele bebeu. À sua direita havia um menino e à sua esquerda uns anciões. Perguntou ao menino: ‘Me permites que lhes dou de beber?’ O menino respondeu: ‘Oh Profeta de Deus! Por Deus! Não queria que ninguém, antes de mim, bebesse de onde tu bebeste’. Então o Mensageiro de Deus (s) deu de beber ao menino. (Bukhari e Muslim).

  • Amor pela reforma e pela reconciliação:

    Sahl b. Sa’d, que Deus esteja comprazido com ele, narrou que, numa ocasião os do povo de Qubaa’ lutaram entre eles e se apedrejaram. Quando o Profeta (s) foi informado, disse: ‘Vamos resolver a situação e reconciliar entre eles.’

    (Bukhari #2547)

  • Ordenar fazer o bem e proibir fazer o mal:

    O Mensageiro de Deus viu um homem com um anel de ouro, tirou-o e jogou-o fora. Logo disse: ‘Acaso colocarias uma brasa quente em tua mão?
    Quando o Profeta (s) se foi, disseram ao homem que pegasse o anel e o vendesse para obter algum lucro. O homem disse: ‘Não, por Deus! Jamais o pegaria depois que o Mensageiro de Deus (s) o tivesse jogado fora.’ (Muslim, 2090).

  • Amor pela Purificação:

    Muhaajir bin Qunfudz, que Deus esteja comprazido com ele, narrou que passou pelo Profeta (s) quando este estava urinando, e o saudou com a paz (Salaam), mas o Profeta (s) não lhe retribuiu a saudação até que se higienizou e fez a ablução; desculpou-se dizendo: ‘Não gosto de mencionar o nome de Deus quando não estou em estado de pureza.’ (Abu Dáud).

  • Cuidar das palavras:

    Abd Allah bin Abi O’faa, que Deus esteja comprazido com ele, disse que o Mensageiro de Deus (s) se ocupava com a recordação de Deus e não falava em vão. Fazia extensas suas orações e breves discursos; não duvidava em ajudar e encarregar-se das necessidades dos que mais precisavam, fossem pobres ou viúvas. (An-nassai e autenticado por Albani).

  • Destacar- se em atos de adoração:

    A’ishah, que Deus esteja comprazido com ela, disse que o Profeta de Deus (s) costumava orar durante a noite até que lhe inchavam os pés. Então, ela disse: ‘Por que fazes isto, Oh Mensageiro de Deus, sendo que Deus já perdoou teus pecados, passados e futuros?’. O Profeta (s) disse: ‘Acaso não devo ser um servo agradecido?’. (Bukhari e Muslim).

  • Tolerância e bondade:

    Abu Hurairah, que Deus esteja comprazido com ele, disse que At-Tufail bin Amr ad-Dawsi e seus companheiros vieram saudar o Profeta (s).

    Disseram: ‘Oh Mensageiro de Deus, a tribo dos Daws, se negou a aceitar o Islã; suplica a Deus contra eles. Alguém disse: ‘A tribo dos Daws está condenada e será destruída!’. O Profeta (s) levantou suas mãos e contrariamente ao solicitado disse: ‘Oh Deus, guia a tribo dos Daws e trá-la para nós!’ (Bukhari e Muslim).

  • Bom aspecto:

    Al-Baraa bin Aazib, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘O Profeta (s) era uma pessoa de estatura média. Suas costas eram largas. Seu cabelo chegava aos lóbulos das orelhas. Uma vez o vi usando uma vestimenta vermelha; nunca vi alguém mais belo do que ele’. (Bukhari e Muslim)

  • Ascetismo em assuntos mundanos:

    Abd Allah bin Massud, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘O Mensageiro de Deus (s) dormiu uma vez sobre um tapete. Levantou-se e tinha as marcas do tapete em seu corpo. Perguntamos: ‘Mensageiro de Deus, queres que te façamos uma cama?’. Ele respondeu: ‘Que tenho eu que ver com este mundo? Não sou mais que um viajante que viaja com sua montaria e se detém à sombra de uma árvore e logo retoma sua viagem’. (Tirmidthi #2377)

    Amr’ bin al-Haariz, que Deus esteja comprazido com ele, disse que o Mensageiro de Deus (s) não deixouDirham nem Dinar nem servente depois da sua morte. Só deixou sua mula branca, sua arma e um pedaço de terra que doou para caridade’. (Bukhari #2588)

  • Altruísmo:

    Sahl bin Sa’d, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘Uma mulher presenteou o Mensageiro de Deus (s) com uma túnica. O Profeta (s) perguntou aos seus companheiros: ‘Sabeis o que é uma túnica?’. Eles responderam: ‘Sim, Oh Profeta de Deus! É uma peça tecida. A mulher disse: ‘Profeta de Deus! Teci esta túnica com minhas próprias mãos para que tu a uses’. O Mensageiro de Deus (s) a tomou, pois precisava dela tremendamente. Depois de um momento, o Mensageiro de Deus (s) saiu de sua casa com a túnica posta e um Companheiro lhe disse: ‘Profeta de Deus! Dá-me essa túnica para que eu possa usá-la’. O Mensageiro de Deus (s) lhe disse: ‘Sim’. Ficou sentado um pouco e voltou a sua casa; dobrou-a e deu-a à pessoa que a havia pedido. Os Companheiros, que Deus esteja comprazido com eles, repreenderam esta pessoa dizendo-lhe: ‘Não foi correto que tenhas pedido sua túnica; especialmente se sabes que ele não negaria nada a ninguém, nem deixaria que ninguém saísse com as mãos vazias’. O homem disse: ‘Por Deus! Somente a pedi porque quero que me envolvam com essa túnica quando eu morra’. Sahl, o narrador do Hadiz, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘A túnica foi utilizada como mortalha quando esse homem morreu’. (Bukhari #1987)

  • Firmeza na fé e confiança em Deus:

    Abu Bakr, Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘Olhei os pés dos idólatras enquanto estávamos na caverna. [fugindo de seus perseguidores durante a emigração]. Disse: ‘Oh Profeta de Deus! Se algum deles olhasse para baixo nos veria!’. O Mensageiro de Deus (s) disse: ‘Abu Bakr! Que pensas de dois quando o Terceiro é Deus, o Altíssimo? (Muslim #1854)

  • Bondade e compaixão:

    Abu Qatada, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘O Mensageiro de Deus (s) realizava a oração enquanto levava uma menina chamada Umamah, filha de Abul-Aas. Quando se inclinava, punha-a no solo; logo parava e a carregava nos braços novamente ’. (Bukhari #5650)

  • Simplificação e facilidade:

    Anas, que Deus esteja comprazido com ele, contou que o Mensageiro de Deus (s) disse: ‘Começo a pregação com a intenção de estendê-la, mas quando ouço uma criança chorar, encurto-a pois sei que a mãe dessa criança sofre por seu pranto. ’ (Bukhari).

  • Temor a Deus, ter cuidado de não ultrapassar Seus limites e ser devoto:

    Abu Hurairah, que Deus esteja comprazido com ele, narrou que o Mensageiro de Deus (s) disse: ‘Ás vezes, quando regresso com minha família, encontro um dátil (tâmara) em minha cama. Pego-o para comer; mas tenho medo de que tenha sido dado por caridade; por isso, deixo-o no mesmo lugar’.
    (Bukhari #2300)

  • Ser generoso:

    Anas bin Mâlik, que Deus esteja comprazido com ele, disse:‘Cada vez que uma pessoa aceitava o Islã, o Mensageiro de Deus (s) concedia-lhe o que pedia. A um homem, o Profeta (s) lhe deu um rebanho de ovelhas que estavam pastando entre as montanhas. O homem regressou ao seu povoado e disse: ‘Oh minha gente! Aceitai o Islã! Muhammad dá tão generosamente como quem não teme a pobreza. (Muslim #2312)

  • Cooperação:

    A A’ishah, que Deus esteja comprazido com ela, perguntaram-lhe certa vez como se comportava o Profeta (s) com sua família. Ela respondeu: ‘Ajudava a todos os membros de sua família com suas tarefas; mas quando chamavam para a oração, retirava-se para realizar suas orações (na mesquita)’. (Bukhari).

    Al-Baraa bin ‘Aazib, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘Vi o Mensageiro de Deus (s) no Dia da batalha “da Trincheira” levando terra [que haviam tirado de uma trincheira] até que seu peito estava coberto de pó. Era um homem peludo. Ouvi-o repetir uns versos da poesia composta por Abd Allah bin Rawaahah: ‘Oh Deus! Se não fosse por Ti, nunca tínhamos sido guiados, nem teríamos oferecido orações, nem feito caridade. Oh Deus! Que a tranquilidade desça sobre nós e faça-nos firmes ao enfrentar nossos inimigos. Certamente transgrediram contra nós! E se desejam uma rebelião, nós a rechaçaremos! E levantava a voz ao recitar esses versos’. (Bukhari, 2780).

  • Honestidade:

    A’ishah, que Deus esteja comprazido com ela, disse: ‘Um traço característico do Profeta (s) era que detestava a mentira. Se um homem mentia na sua presença, o Profeta (s) lutava até saber que o mesmo havia se arrependido da mentira.’ (Tirmidthi #1973)

    Até seus inimigos reconheciam sua honestidade. Abu Jahl, um dos seus mais acirrados inimigos, disse: ‘Oh Muhammad! Não digo que és um mentiroso! Somente nego a mensagem que pregas e aquilo para o que convocas as pessoas.’ Deus, o Altíssimo, diz:‘Por certo que sabemos que te causa pena o que dizem [sobre ti]. Não é a ti que desmentem, mas o que os iníquos rechaçam são os símbolos de Deus’. (6:33)

  • Honrar os limites e fronteiras de Deus:

    A’ishah, que Deus esteja comprazido com ela, disse: ‘O Profeta (s) sempre escolhia a mais fácil das opções, desde que não implicasse um pecado. Se o ato era pecado, afastava-se o mais que podia. Por Deus! Nunca se vingava. Só se aborrecia quando o povo transgredia os limites e fronteiras de Deus; nesse caso, fazia justiça. (Bukhari #6404)

  • Expressão facial plácida:

    Abd Allah bin al-Hariz, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘Nunca vi um homem que sorrisse tanto como o Mensageiro de Deus (s)’. (Tirmidthi #2641)

  • Honestidade e lealdade:

    O Profeta (s) era bem conhecido por sua honestidade. Os idólatras de Meca – que tinham uma hostilidade declarada por ele – confiavam-lhe seus objetos de valor. Sua honestidade e lealdade foram postas à prova quando os idólatras de Meca perseguiram e torturaram seus companheiros e os expulsaram de seus lares. Ele ordenou a seu primo, Ali bin Abi Talib, que Deus esteja comprazido com ele, que adiasse por três dias sua emigração, para devolver às pessoas os objetos que estavam sob sua custódia.’

    Outro exemplo de sua honestidade e lealdade fica demonstrado na Trégua de Hudaibiyah, através da qual ele esteve de acordo com o artigo do tratado que dizia que todo homem que abandonasse o Profeta (s) não seria devolvido, e todo homem que abandonasse Meca para unir-se ao Profeta, seria devolvido a eles. Antes de concluir o tratado, um homem chamado Abu Jandal bin Amr havia logrado escapar dos pagãos de Meca e correu a juntar-se a Muhammad (s). Os pagãos pediram a Muhammad que cumprisse sua promessa e lhes devolvesse o fugitivo. O Mensageiro de Deus pediu para que eles o tolerassem, mas eles negaram insistindo no cumprimento do tratado. Jandal ficou preocupado e disse:‘ Oh vós que sois muçulmanos, devolver-me-íeis aos pagãos enquanto me tornei muçulmano? A caso não vejais o quanto eles me castigaram pela causa de Deus? Mas, mesmo assim o Mensageiro de Deus cumpriu com o tratado devolvendo Jandal aos pagãos. (Bukhari)

    O Mensageiro de Deus (s) disse: ‘Abu Jandal! Tem paciência e pede a Deus que te conceda. Deus, seguramente, ajudará a ti e aos que são perseguidos, e te facilitará uma saída. Firmamos um acordo com eles e certamente haveremos de cumpri-lo; não nos comportaremos de forma traiçoeira’. (Ahmad).

  • Valentia e coragem:

    Ali, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘Deveriam ter-me visto no Dia de Badr! Refugiámo-nos com o Mensageiro de Deus (s). De todos nós, ele era o que estava mais perto do inimigo. Esse dia, o Mensageiro de Deus (s) foi o mais forte de todos nós’. (Ahmed #654)

    Sobre a sua valentia e coragem em circunstâncias normais, Anas bin Mâlik, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘O Mensageiro de Deus (s) era o melhor dos homens e o mais valente. Uma noite, o povo de Medina teve medo e enviou alguns ginetes em direção aos ruídos que se ouviam. O Mensageiro de Deus (s) os encontrou quando regressava de onde provinha o ruído, depois de assegurar-se de que não havia nenhum problema. Vinha sobre o lombo de um cavalo que pertencia a Abu Tal-hah, que Deus esteja comprazido com ele, sem arreios, e tinha uma espada consigo. Disse às pessoas: ‘Não temam! Não temam’.

    Encontrou-se com os ginetes enquanto ia a cavalo, sem arreios, e levava sua espada, pois poderia ser necessária. Não esperava que os demais verificassem a origem dos problemas.

    Na Batalha de Uhud, o Mensageiro de Deus (s) consultou seus Companheiros. Eles resolveram combater, enquanto ele não via necessidade de fazê-lo.

    Não obstante, aceitou seu conselho. Os Companheiros, ao saber o que sentia o Profeta, lamentaram-se pelo que haviam feito. Os Ansar disseram-lhe: ‘ Oh Profeta de Deus! Faz o que te pareça melhor.’ Mas ele respondeu: ‘Não é digno de um Profeta tirar sua indumentária de combate sem lutar.’ (Ahmad, 14829).

  • Generosidade e hospitalidade:

    Ibn Abbas, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘O Profeta (s) era o mais generoso dos homens. Era ainda mais generoso no Ramadã, quando se encontrava com o anjo Gabriel; encontrava-se com ele todas as noites durante o Ramadã para praticar e rever o Alcorão. O Mensageiro de Deus (s) era tão generoso, como os ventos bondosos.’ (Bukhari, 6)”.

    Abu Dharri, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘Ia caminhando com o Profeta (s) na Har’rah, região vulcânica de Medina, e nos encontramos frente ao monte Uhud; o Profeta (s) disse: ‘Abu Dharr!’ Disse-lhe: ‘Aqui estou, Oh Mensageiro de Deus!’ Ele respondeu: ‘Não me comprazeria ter uma quantidade de ouro igual ao peso do Monte Uhud até que não o gaste e o entregue (em nome de Deus) em uma ou três noites. Guardaria um dinar para ajudar a quem tem dívidas”. (Bukhari)

    Jabir bin Abd Allah, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘O Profeta (s) não se negava a dar nada do que tinha se alguém lhe pedisse’. (Bukhari).

  • Timidez e modéstia:

    Abu Sa’id al-Judri, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘O Profeta (s) era mais modesto e tímido que uma virgem. Se algo não lhe agradava, notava-se nas suas expressões faciais’. (Bukhari e Muslim)

  • Humildade:

    O Mensageiro de Deus (s) era a pessoa mais humilde. Era tão humilde que um estranho entrava na mesquita e se aproximava de onde o Profeta (s) estava sentado com seus Companheiros, não podia distingui-lo de seus Companheiros. Anas bin Mâlik, que Deus esteja comprazido com ele, disse:
    ‘Uma vez, enquanto estávamos sentados com o Mensageiro de Deus (s) na mesquita, aproximou-se um homem em seu camelo, amarrou-o com uma corda e perguntou: ‘Quem dos senhores é Muhammad? O Mensageiro de Deus (s) encontrava-se sentado no chão, com seus Companheiros. Nós o indicamos ao beduíno: ‘Este homem branco, que está sentado no chão’, porque o Profeta (s) não se distinguia de seus Companheiros.

    O Profeta (s) não duvidava em ajudar aos pobres, necessitados ou viúvas, em suas necessidades. Anas bin Mâlik, que Deus esteja comprazido com ele, disse: ‘Uma mulher de Medina que estava um pouco demente disse ao Profeta (s): ‘Tenho que te pedir algo’. Ele a ajudou e atendeu às suas necessidades.’ (Bukhari #670)

  • Misericórdia e Compaixão:

    Abu Massud al-Ansari disse: ‘Um homem veio até o Profeta (s) e disse: “Mensageiro de Deus! Por Deus! Eu não rezo a oração da alvorada (na mesquita) porque fulano a alonga” Disse o narrador: ‘Nunca vi o Mensageiro de Deus (s) pronunciar um discurso com tanto enfado. Disse: ‘Gente! Na verdade há entre vós, aqueles que perseguem as pessoas! Se vos dirigirdes às pessoas em oração, sede breves. Há pessoas anciãs e frágeis, e outras com necessidades especiais, atrás de vocês nas orações ’. (Bukhari e Muslim)

    Osâma bin Zaid disse: ‘Estávamos sentados com o Mensageiro de Deus (s). Uma de suas filhas enviou uma pessoa para chamá-lo, para que a visitasse e ao seu filho, que estava agonizando. O Mensageiro de Deus (s) disse à pessoa, que lhe dissesse: ‘A Deus pertence o que toma. Ele deu um limite de tempo. Ordenou-lhe que fosse paciente e que buscasse recompensa em Deus, o Altíssimo. Sua filha enviou de volta a mesma pessoa dizendo: ‘Profeta de Deus! Sua filha jura que deve vir’. O Mensageiro de Deus (s) parou; Sa'd bin Ubaadah e Mu’adth bin jabal acompanharam-no. O Mensageiro de Deus (s) sentou-se junto ao menino que agonizava. Os olhos do menino se congelaram como pedras. Ao ver isso o Mensageiro de Deus (s) chorou. Sa’d perguntou-lhe: ‘Que é isto, Profeta de Deus?’ Ele disse: ‘É a misericórdia que Deus, o Altíssimo, coloca nos corações de seus servos. Deus é misericordioso com aqueles que são misericordiosos com os outros. (Bukhari e Muslim).

  • Perseverança e Perdão:

    Anas bin Mâlik disse: ‘Uma vez, estava caminhando com o Mensageiro de Deus (s) quando usava uma túnica Iemenita, com uma gola de bordas ásperas. Um beduíno agarrou-o fortemente. Olhei seu pescoço por trás e vi que a gola da túnica havia lhe deixado uma marca. O beduíno disse: ‘Oh Muhammad! Dá-me um pouco da riqueza de Deus que tu tens. O mensageiro de Deus (s) virou-se para o beduíno, riu e ordenou que lhe entregassem algum dinheiro.’ (Bukhari, 2980)

    Outro exemplo de sua perseverança é a história do Rabino Judeu, Zaid bin Sa'nah. Zaid emprestou algo ao Mensageiro de Deus (s). Zaid disse:

    ‘Dois ou três dias antes da devolução da dívida, o Mensageiro de Deus (s) assistia ao funeral de um homem dos Ansar. Abu Bakr, ‘Umar, ‘Usmân e alguns outros Companheiros, estavam com o Profeta (s). Depois de rezar a oração fúnebre sentou-se junto a uma parede; eu fui até ele, agarrei-o pelo colarinho, olhei-o de maneira severa e disse-lhe: ‘Muhammad! Não me pagarás a dívida do empréstimo? Eu não conheci a família de Abdul-Muttalib para que se demore a devolução da minha dívida! Olhei Umar bin al-Jattaab. Seus olhos estavam cheios de raiva!

    Olhou-me e disse: ‘ Inimigo de Deus, falas ao Mensageiro de Deus e te diriges a ele desta maneira? Por aquele que me enviou com a verdade, se não fosse o medo de perder a entrada no Paraíso, ter-te-ia decapitado com a minha espada! O Profeta de Deus (s) olhando para ‘Umar de forma calma e pacífica, disse: ‘Umar, deverias ter-nos dado um conselho sincero em vez de fazer o que fizeste! Umar, vai e paga-lhe a dívida; entrega-lhe vinte Sa’a (medida de peso) extras por o teres assustado!’

    Zaid disse: ‘Umar partiu comigo e me pagou a dívida e me entregou os vinte Sa’a extras. Eu lhe perguntei: ‘Que é isto? Ele disse: O Mensageiro de Deus (s) ordenou-me que te desse, porque eu te assustei. ‘Zaid logo perguntou a Umar: ‘Umar, sabes quem sou eu?’ Umar disse: ‘Não, não sei – Quem és?’ Zaid disse: ‘Eu sou Zaid bin Sa’nah’. Umar perguntou: ‘O Rabino?’ Zaid respondeu: ‘Sim, o Rabino.’ Umar, a seguir, perguntou: ‘Que te fez dizer o que disseste ao Profeta?’ Zaid respondeu: ‘Umar, vi todos os sinais de um profeta no rosto do Mensageiro de Deus (s) exceto dois: sua paciência e perseverança antecedem a sua ignorância e, a segunda, quanto mais duro és com ele, mais amável e paciente se torna, e agora estou satisfeito. Umar, tenho-te como testemunha e testemunho que não há Deus exceto Deus, minha Religião é o Islã e Muhammad (s) é o meu Profeta. Também te tomo como testemunha que a metade da minha riqueza – e eu hoje estou entre os mais ricos de Medina –a entregarei pela causa de Deus, a todos da comunidade. ‘Umar disse: ‘Não será possível distribuir tua riqueza entre todos da comunidade. Terás que distribuí-la a alguns da Comunidade de Muhammad (s)’. Zaid disse: ‘Então distribuirei, em proporção, a riqueza a alguns da comunidade de Muhammad’. (Zaid e Umar viraram-se para o Mensageiro de Deus). Zaid disse-lhe: ‘Testemunho que nada nem ninguém merece ser adorado senão Deus, e que Muhammad (s) é servo e mensageiro de Deus’. Assim foi como se tornou crédulo, morreu na Batalha de Tabuk, quando se enfrentava com o inimigo - que Deus tenha piedade de Zaid’. (Ibn Hibban #288)

    Um exemplo de perdão se faz evidente quando oferece sua anistia total a todo o povo de Meca, depois da conquista. Quando o Mensageiro de Deus (s) reuniu aqueles que o perseguiram, torturaram-no e abusaram dos seus companheiros, levou-os para fora da cidade de Meca e lhes disse: ‘Que crêem que eu teria que lhes fazer?’ Eles disseram: ‘Tu és um irmão e sobrinho bondoso e generoso’ Ele disse: ‘Retirem-se – são livres!’ (Baihaqi, 18055)

  • Paciência:

    O Mensageiro de Deus (s) era um modelo de paciência. Foi paciente com seu povo antes do Islã; eles adoravam ídolos e agiam pecaminosamente. Ele foi paciente e tolerante com a perseguição e o mal que os pagãos de Meca lhe causaram, assim como a seus companheiros, e buscou a recompensa em Deus. Também foi paciente e tolerante com o mau trato dos hipócritas em Medina.

    Foi um paradigma de paciência quando perdeu seus parentes queridos; sua esposa Khadijah, morreu durante sua vida. Todos os seus filhos morreram durante sua vida, exceto Fátima. Seus tios Abu Talib e Hamzah também morreram. O Profeta (s) foi paciente e buscou a recompensa em Deus.

    Anas bin Mâlik disse: ‘Entramos na casa de Abu Saif – o ferreiro – com o Profeta (s). A esposa de Abu Saif era a encarregada de amamentar seu filho Ibrahim. O Mensageiro de Deus (s) pegou seu filho Ibrahim no colo, abraçou-o e beijou-o. Um tempo depois, foi ver novamente seu filho – que estava agonizando. O Profeta (s) começou a chorar. Abdurrahmaan bin Auf disse: ‘Profeta de Deus, tu também choras!’ O Mensageiro de Deus (s) disse: ‘Ibn Auf, isto é compaixão’ – o Profeta (s) derramou mais lágrimas e disse: ‘Os olhos derramam lágrimas, o coração se entristece, mas somente dizemos o que agrada a nosso Criador. Estamos tristes por tua morte, Oh Ibrahim!’. (Bukhari, 1241)

  • Justiça e Equidade:

    O Mensageiro de Deus (s) era justo e imparcial em todos os aspectos de sua vida e na aplicação da Legislação Islâmica (Shari'ah).

    A’ishah disse: ‘As pessoas de Quraish estavam muito preocupadas com a mulher Makhzumi porque ela havia roubado. Conversaram entre eles e disseram: ‘Quem pode interceder por ela ante o Mensageiro de Deus (s)?’ Finalmente disseram: ‘Quem melhor para conversar com o Mensageiro de Deus (s) sobre o assunto do que Ussamah bin Zaid, o rapaz mais apreciado pelo Mensageiro de Deus (s)’. Então Ussamah falou com o Mensageiro de Deus, sobre a mulher. O Mensageiro de Deus (s) disse-lhe: ‘Ussamah! Intercedes, em seu benefício para desatender um dos castigos impostos por Deus!
    O Mensageiro de Deus (s) se levantou e pronunciou um discurso, no qual disse: ‘Povos que os precederam foram destruídos porque quando um nobre roubava, deixavam-no livre; mas se um pobre o fazia, castigavam-no. Por Deus! Se Fátima, a filha de Muhammad roubasse, eu ordenaria que sua mão fosse cortada’. (Bukhari e Muslim).

    O mensageiro de Deus (s) era justo e imparcial, e permitia que os outros se vingassem ainda que ele os machucasse.

    Usaid bin Hudhair disse: ‘Um homem estava fazendo graça e provocando o riso das pessoas; o Profeta (s) passou ao seu lado e o golpeou suavemente com um ramo que levava. O homem exclamou: ‘Profeta de Deus! Permita-me vingar-me!’ O Profeta (s) disse: ‘Avante!’ O homem disse: ‘Mensageiro de Deus, tu usavas uma vestimenta quando me golpeaste, eu não!’ O Mensageiro de Deus (s) levantou a parte superior de sua vestimenta, e o homem beijou seu dorso dizendo: ‘Eu só pretendia fazer isto, Mensageiro de Deus!’ (Abu Dawud, 5224)

  • Temor a Deus:

    O Mensageiro de Deus (s) era a pessoa mais temente a Deus. Abd Allah bin Massud disse: ‘Uma vez o Mensageiro de Deus (s) me disse: ‘Recita o Alcorão para que possa escutar-te!’ Abd Allah b. Massud disse: ‘Recito-o para ti e a ti ele foi revelado!’ O Profeta (s) disse: ‘Sim’. ‘Comecei a recitar Surat an-Nisaa, até que cheguei ao versículo: Que acontecerá quando trouxermos uma testemunha de cada comunidade e te trouxermos [Oh, Muhammad!] como testemunho contra estes os incrédulos do teu povo? [4:41].

    Ao escutar este versículo, o Mensageiro de Deus (s) disse: ‘Suficiente!’ Abd Allah bin Massud disse: Virei-me e vi o Mensageiro de Deus (s) chorando’. (Bukhari e Muslim).

    A'ishah disse: ‘Se o Mensageiro de Deus (s) via nuvens escuras no céu, passeava inquieto para trás e para frente, saía de sua casa e voltava a entrar. Quando começava a chover, o Profeta (s) se relaxava. A'ishah disse: perguntei-lhe sobre isso e me respondeu: ‘Não sei; pode ser que seja como se diz: E quando viram uma nuvem que se aproximava dos seus vales, disseram: Esta é uma nuvem que nos traz chuva [Mas seu Mensageiro lhes disse:] Não, é o castigo que pedíeis que lhes sobrevenha. Então um vento lhes infligiu um doloroso castigo’. [46:24].

  • Satisfação e Riqueza de Coração:

    Umar bin al-Khattab disse: ‘Entrei na casa do Mensageiro (s) e o encontrei sentado em um tapete. Tinha uma almofada de couro feita de fibras. Uma panela com água a seus pés, e havia alguma roupa pendurada na parede. Suas costas estavam marcadas pelo tapete em que estava recostado. Umar chorou quando viu esta realidade, mas o Mensageiro (s) lhe perguntou: ‘Por que choras?’ Umar disse: ‘Profeta de Deus! Cosroes e César desfrutam do melhor deste mundo, e tu sofres na pobreza’. Ele disse: ‘Não te dá prazer que eles desfrutem o melhor deste mundo, e que nós desfrutemos no Além?’ (Bukhari e Muslim)

  • Desejos de bondade até com seus inimigos

    A'ishah disse: ‘Perguntei ao Mensageiro de Deus (s): “Enfrentaste um dia mais duro e difícil que o da Batalha de Uhud?” Ele respondeu: ‘Sofri muito por tua gente! O pior dia que sofri foi o dia de al-Aqabah quando falei com Ibn Abd Yalil bin Abd Kilaal (para receber seu apoio e proteção) mas me abandonou. Quando deixei aquele lugar estava muito preocupado; caminhei – até que cheguei a uma área chamada Qarn ath-Za'alib. Ergui meu olhar para o céu e notei que uma nuvem me sombreava. O anjo Gabriel me chamou e disse: ‘Muhammad! Deus, o Altíssimo, escutou o que tua gente te disse – e enviou o Anjo encarregado das montanhas, para que lhe ordenes o que desejas’. O profeta (s) disse: ‘O Anjo encarregado das montanhas me chamou dizendo: ‘Que a paz de Deus esteja contigo! Muhammad, farei o que aches necessário. Se quiseres posso juntar as montanhas Al-akhashabain e destruir tudo que há entre eles. O Mensageiro de Deus (s) disse: Não, pois, espero que Deus tire de entre eles pessoas que creiam em Deus e não o associem. (Bukhari e Muslim)

    Ibn Umar disse: quando morreu Abd Allah bin Ubayyi bin Saloul, chegou seu filho, chamado Abd Allah bin Abd Allah bin Ubayyi bin Saloul ao Profeta (s) pedindo a camisa do Profeta para amortalhar o corpo do seu pai. Profeta (s) deu-lhe a camisa. Depois ele pediu ao Profeta (s) para que fizesse por ele a oração fúnebre, e quando o Profeta (s) se levou para efetua-la, Umar pegou na roupa dele dizendo: Oh Mensageiro de Deus, vais orar por ele enquanto Deus proibiu-te.
    O Mensageiro de Deus respondeu: Deus deixou ao meu critério e Disse: ‘Implora perdão para eles; ou, não implores perdão para eles; se imploras perdão para eles, setenta vezes’ [9:80].
    Eu vou implorar mais de setenta vezes. Umar disse: mas ele é hipócrita! O Mensageiro de Deus orou por ele. Em seguida Deus lhe revelou o seguinte: ‘E não ores, nunca, por nenhum deles, quando morrer, nem te detenhas em seu sepulcro’ [9:84].
    ( Bukhari e Muslim )